setembro 24, 2010

Reinos Africanos


A história da África Ocidental é essencial para que possamos compreender a constituição do povo brasileiro, pois foi esta a região do continente africano que mais forneceu mão-de-obra escrava para o nosso país.
M. Ouriques
Esta região, que vai do Senegal a Angola, revela a presença e povos, desde há muito tempo conhecedores da agricultura e do ferro. Pertencentes aos milenares tronco lingüístico nígero-congolês ou banto, sua organização social ficou marcada por uma luta feroz contra a natureza hostil (marcado por longos períodos de seca)
À medida que os indivíduos se adaptavam a diferentes ambientes, a cultura se diferenciava, formando múltiplos grupos étnicos.
Bem antes da chegada dos europeus, várias sociedades africanas subsaarianas conheceram processos de diferenciação social, com a formação de reinos e impérios. As primeiras estruturas políticas importantes tomaram forma antes mesmo do ano 1000.
ð Formas de Organização Familiar
Os africanos ocidentais dão extrema importância à sua descendência. A virilidade era atributo fundamental na honra de um homem. Ter filhos era fundamental para o status social dos pais, pois eram eles que garantiriam seu bem-estar na velhice. A mulher deveria, portanto, ser fértil, pois a esterilidade a levaria ao desprezo na sociedade.
ð O Trabalho
As tarefas de sobrevivência eram, em geral, semelhantes, mas variava de cultura para cultura.
Todos participavam das colheitas. Os grupos familiares raramente possuíam bens comuns, mas, em alguns grupos da floresta e da parte sul da savana, as mulheres dominavam o pequeno comércio, possuindo uma autonomia pouco vista em outras culturas.
Na maioria das regiões a organização social tinha por ideal uma casa grande dirigida por um “grande homem”, cercado de esposas, filhos casados e solteiros, irmãos menores, dependentes e um grande número de crianças.
Unidades assim organizadas constituíam grupos de colonização essenciais na África Ocidental. Onde houvesse agricultura extensiva, uma estrutura deste porte garantia segurança econômica à sociedade.
A escravidão já existia no continente antes da colonização européia e com muita freqüência, os escravos eram prisioneiros de guerras entre estados e reinos rivais.
ðA relação com a natureza
A colonização das terras e a luta contra a natureza modelaram fundamentalmente formas de pensar e viver de nossos ancestrais africanos. Para os agricultores abrir e cultivar a mata ou a savana eram, ao mesmo tempo criar o mundo – atividade ora associada à fertilidade feminina e a capacidade de aumentar a comunidade, ora á propriedade.
As atividades humanas essenciais eram restritas às áreas cultivadas. Eram nelas que se enterravam os mortos, só as vítimas de varíola, lepra, afogamento, suicidas e condenados à morte eram enterrados na “má savana”.
ð Reino do Congo
"Fundado por volta do século XIV, esse Estado centralizado dominava a parcela centro-ocidental da África. Nessa região se encontrava um amplo número de províncias onde vários grupos da etnia banto, principalmente os bakongo, ocupavam os territórios. Apesar da feição centralizada, o reino do Congo contava com a presença de administradores locais provenientes de antigas famílias ou escolhidos pela própria autoridade monárquica.
Apesar da existência destas subdivisões na configuração política do Congo, o rei, conhecido como manicongo, tinha o direito de receber o tributo proveniente de cada uma das províncias dominadas. A principal cidade do reino era Mbanza, onde aconteciam as mais importantes decisões políticas de todo o reinado. Foi nesse mesmo local onde os portugueses entraram em contato com essa diversificada civilização africana.
A principal atividade econômica dos congoleses envolvia a prática de um desenvolvido comércio onde predominava a compra e venda de sal, metais, tecidos e produtos de origem animal. A prática comercial poderia ser feita através do escambo (trocas) ou com a adoção do nzimbu, uma espécie de concha somente encontrada na região de Luanda.
O contato dos portugueses com as autoridades políticas deste reino teve grande importância na articulação do tráfico de escravos. Uma expressiva parte dos escravos que trabalharam na exploração aurífera do século XVII, principalmente em Minas Gerais, era proveniente da região do Congo e de Angola. O intercâmbio cultural com os europeus acabou trazendo novas práticas que fortaleceram a autoridade monárquica no Congo."
Bibliografia

PANTOJA, Selma. Nzinga Mbandi: mulher, guerra e escravidão. Brasília: Editora Thesaurus, 2000.
PRIORE, Mary Del e VENÂNCIO, Renato Pinto. Ancestrais: uma introdução à história da África Atlântica. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004.
SOUSA, Rainer. O reino do Congo. Disponível em http://www.mundoeducacao.com.br/historiageral/o-reino-congo.htm, acesso em 23/09/2010.

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